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Relatórios

  Mal-Estar Docente na Região de Santa Rita de Ouro Preto – Conversações

  Oriundo do projeto Psicanálise e Educação que se firmou a partir do segundo semestre de 2009/2011, o grupo de estudos sobre o mal-estar docente na região de Santa Rita de Ouro Preto, propõe a Conversação com mulheres professoras da região local e das comunidades vizinhas, acerca do mal-estar docente e situações de adoecimento mental. A Conversação é um dispositivo clínico elaborado por Jacques Allain-Miller nos anos 1990, e se apresenta desde o início com uma condição precisa ao abrir o campo para a palavra. Esse dispositivo tem na "associação livre coletivizada" ponto forte de sustentação, pois ela permite que o "objeto de estudo" seja analisado a partir de uma multiplicidade ou proliferação de significantes. Trata-se de uma tentativa de localizar os pontos de condensação do mal-estar na cultura atual e criar possibilidades de que as máximas impostas pela cultura sejam questionadas por cada um/a no grupo. Esse método visa tocar o ponto de real do sujeito, indo além da ficção de cada um, buscando o sem sentido que provoca surpresa e possíveis deslocamentos subjetivos.


    Deste modo, a partir da questão, o que causa mal-estar no exercício da sua profissão? Interrogamos as professoras de Santa Rita de Ouro Preto e nesse fluxo realizamos oito Conversações. No decorrer de todos os encontros do grupo analisamos que existe uma pré-disposição nas educadoras para a cristalização do mal estar, absenteísmo e adoecimento no exercício de suas funções. Esse mal estar que é proveniente de vários fatores, ora sociocultural, ora psicológico afeta aos educadores/as a ponto de provocar neles/as uma sensação de sufocamento no trabalho. A exaustiva carga horária e eventuais reuniões extraordinárias, o excesso de “coisas” para fazer, a falta de planejamento, as exigências de uma formação polivalente, o ensino específico para cada aluno/a que possui ritmos próprios, culminando nas diversas dificuldades de aquisição do conhecimento, bem como as relações familiares permeadas por alcoolismo e situações de violência são enunciados nos discursos das docentes.


    Das Conversações ao extrair essas e outras questões que estão sendo por nós trabalhadas apostamos no deslocamento e/ou saídas para essas professoras, pois pudemos constatar que um dos entraves que contribui para o mal-estar docente na região de Santa Rita de Ouro Preto  aparece nos emaranhados entre a vida familiar e a vida comunitária, evidenciando a mistura entre as esferas pública e privada.


    A fim de promover um deslocamento entre o que é da esfera pública e o que é da ordem privada, propusemos algumas atividades que propiciem o deslocamento delas do local onde vivem e trabalham para outros locais onde circula a cultura, a memória e a arte. Nesse percurso de dois anos, juntamente com todas as professoras da região  de Santa Rita de Ouro Preto, visitamos o Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte, onde elas puderam conhecer um espaço cultural que abriga e difunde um acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios do Brasil, lugar de encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história e com o seu tempo. Priorizamos o terceiro andar do Museu que abriga as profissões femininas, visando que elas pudessem se localizar enquanto mulheres-professoras e que pudessem refletir também sobre o que é ser mulher, mãe e professora, distanciando-se e aproximando-se do que é subjetivo e do que é coletivo. Uma oficina laboratório de Conversação foi realizada após a visita ao Museu, na qual as mulheres-professoras puderam escolher fotos de sua preferência e falar de seus olhares, sentimentos e memórias acerca da profissão docente.
Visitamos também com as professoras o Museu de Arte Contemporânea – Inhotim, Instituto idealizado pelo empresário Bernardo Paz em meados da década 1980, com projeto paisagístico que cresceu e passou por várias modificações e foi se transformando com o tempo. O museu possui um enorme espaço cultural, onde abriga diversas obras de arte contemporânea e um imenso jardim botânico.
A partir da prática da Conversação, em 2012 visitaremos o Museu da Língua Portuguesa e o Museu Afro-Brasileiro em São Paulo, a fim de continuarmos o trabalho com os deslocamentos a fim de interrogar o mal-estar no exercício da função de professoras da região de Ouro Preto, propiciando a construção de saídas para o mal-estar instalado na docência.


    Por fim, desde o princípio decidimos juntamente com as professoras de Santa Rita de Ouro Preto que as Conversações seriam gravadas, e mais tarde produzimos um documentário, intitulado “Mulher, mãe, professora, um misto de mal-estar” que foi apresentado no Cine Inconfidentes promovido pelo Instituto de Ciências Aplicadas – ICSA em 2011, divulgando o trabalho realizado por muitos, e dando visibilidade ao paradoxo inerente a profissão docente: entre o mal-estar e o prazer de ser professora.

  O Mal-Estar Docente e os problemas das crianças e dos adolescentes

    O presente projeto de pesquisa visa se constituir na parte qualitativa do projeto de pesquisa sobre perfil docente nos municípios de Mariana, Ouro preto e Diogo Vasconcelos. De um lado analisaremos o discurso dos/das professores/as e de outro o discurso dos/as alunos/as concebendo assim o ato educativo como relacional. O desânimo, a apatia, a irritabilidade, a insatisfação, a intolerância e o adoecimento são algumas formas de expressão dos sintomas que assolam os/as professores/as, na contemporaneidade. Frutos do mal-estar originado das tensões em seu trabalho, os/as educadores/as se mostram perturbados/as ao se darem conta da influência de sua posição quando algo não vai bem na relação professor-aluno-aprendizagem. A presente pesquisa visa escutar através da Conversação (metodologia do campo da psicanálise) como os/as professores/as dos municípios de Mariana, Ouro Preto e Diogo Vasconcelos expressam seu mal-estar em torno de sintomas já elucidados e investigar como percebem as crianças de sua região e os problemas que estas apontam na relação educativa. A primeira etapa da pesquisa consiste em pesquisa bibliográfica, seguida  da formação de grupos de docentes visando analisar o discurso docente em torno da relação entre o mal-estar do/a professor/a e o/a aluno/a considerado problema, dentre estes os problemas de aprendizagem, a criança e suas dificuldades de socialização e de relacionamento com o professor, os problemas de agressividade e agitação das crianças e adolescentes, as crianças com dificuldades de adaptação na escola e a  indisciplina e problemas de autoridade.

         Perfil Sociocultural dos professores de Redes Municipais – MG. Etapa l – Rede Municipal de Ensino de Mariana, Ouro Preto e Diogo Vasconcelos

    A proposta de elaborar um perfil sociocultural dos professores das redes municipais de ensino de algumas cidades mineiras integra os esforços da Faculdade de Educação da UFMG, com sua longa tradição no campo das investigações científicas na área educacional, representada aqui pelo Grupo de Pesquisas sobre Condição e Formação Docente (PRODOC), o qual busca parcerias para ampliar e aprofundar os estudos sobre as condições de exercício da docência em Minas Gerais. A presente proposta de pesquisa em parceria com o PRODOC está inserida no Departamento de Educação – DEEDU, visando realizar a Etapa I da proposta, abrangendo os municípios de Mariana, Ouro Preto e Diogo Vasconcelos que consiste em mapear os municípios em relação ao perfil de docentes que possuem. A fonte são os dados secundários dos municípios e da Universidade Federal de ouro preto em projetos e programas que já acontecem nos municípios. A etapa I compreende a definição da amostragem, a elaboração e aplicação dos questionários para complementação dos dados, a tabulação e sistematização dos dados e a análise final dos resultados e redação dos relatórios.

         Pesquisa sobre currículo e diversidade na UFOP: A questão da diversidade e da inclusão educacional no ensino superior: um estudo sobre o currículo nos cursos de uma universidade mineira.

    A discussão sobre currículo tem se constituído como um território profícuo para a análise do quanto os processos educativos podem absorver, em suas propostas disciplinares, questões contemporâneas de relevância para diferentes setores da sociedade. A discussão sobre inclusão, diferença, diversidade e currículo se insere nesse contexto, pois busca dar visibilidade a temáticas que estiveram por muito tempo fora do debate curricular, como as questões de gênero, sexualidade, etnia, raça e deficiência. Essas discussões têm ganhado relevância no Ensino Superior, tendo em vista a importância desse nível de ensino para a produção, transmissão e democratização dos saberes, bem como para a construção da cidadania. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo divulgar os resultados da primeira etapa de uma pesquisa que visou investigar a questão da diferença, da diversidade e da inclusão educacional nos currículos dos cursos de graduação (licenciatura e bacharelado) de uma universidade pública mineira. Foram analisadas ementas, programas de disciplina e projetos desses cursos de graduação, bem como produções acadêmicas sobre currículo, ensino superior, inclusão, diferença e diversidade, o que permitiu um maior aprofundamento na análise dos dados coletados. Os resultados levantados permitiram a construção de um diagnóstico institucional dos cursos pesquisados quanto às temáticas étnico-raciais, de gênero, sexualidade e deficiência. Este projeto se referencia teoricamente nos estudos críticos e pós-críticos do currículo.

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